O Brasil é o campeão mundial no consumo de agrotóxicos. Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), 30% dos 504 agrotóxicos de uso permitido Brasil são vetados na União Europeia.
O título vem de uma série de permissões garantidas pela legislação brasileira. Enquanto países da Europa controlam de forma rígida a qualidade da água potável, no Brasil a lei permite um limite aceitável de agrotóxicos na água 5.000 vezes superior à europeia. O uso de pesticidas é 200 a 400 vezes superior à permitido na Europa no cultivo de soja e feijão, respectivamente.
O acefato, agrotóxico banido na União Europeia é o 5º mais vendido no Brasil. Apesar de todas as indicações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que o acefato pode ter efeitos sobre o sistema endócrino, considerado portanto um produto neurotóxico, ele continua sendo permitido.
O paraquat é outro exemplo. A Anvisa reconhece o perigo dele e até a China que é bem permissiva do ponto de vista ambiental já o proibiu, mas por aqui a venda persiste.
Calcula-se que para cada caso de intoxicação no Brasil existam 50 outros não notificados. Sem contar as doenças crônicas provocadas por esses pesticidas não são sequer estudadas como deveriam.
A intoxicação não atinge apenas a população rural. Mesmo as pessoas que morem e trabalhem na cidade, mas em áreas próximas de cultivos onde há pulverização, estão suscetíveis. Estudo da Universidade Federal de Mato Grosso apontou contaminação de leite materno com agrotóxicos de mães que moravam na zona urbana.
Outros inimigos usados nas cidades são alguns dos venenos usados no combate do mosquito Aedes aegypti, como o malathion, pyriproxyfen e fenitrothion, também na lista dos agrotóxicos.