A inadimplência dos servidores federais e estaduais em 2017 foi de 29%. O levantamento é da Serasa Experian, que por realizar esse tipo de levantamento pela 1ª vez no ano passado, não dispõe de números anteriores para comparar o atraso de prestações e a evolução da inadimplência no segmento. O dado preocupa porque não está tão distante da inadimplência geral dos brasileiros, de 40%. "É uma diferença de quase 10 pontos percentuais, não era o que esperávamos, sendo que servidores têm renda maior e estabilidade na carreira", diz Heber Filho, gerente de soluções e estratégia da Serasa.
A concessão de crédito no Brasil cresceu com força entre 2011 e 2014, e os servidores foram grandes beneficiários da expansão, aponta Gustavo Fernandes, professor do mestrado profissional em gestão e políticas públicas da FGV. "Com estabilidade e um padrão de consumo alto, além de ganhos reais no salário, servidores puderam aumentar seu poder de compra", afirma.
A partir de 2014, com o declínio nas arrecadações estadual e federal, boa parte das categorias deixou de receber aumento significativo. Sem mudar o padrão, servidores substituíram os aumentos por mais crédito, dizem especialistas. Em busca de empréstimo, muitos servidores recorrem ao crédito consignado, que oferece prazos mais longos, de até 96 meses, e um dos juros mais baixos do mercado, que em abril foi de 25,7% ao ano, segundo o Banco Central.
A estabilidade do funcionalismo joga a favor da modalidade, em que as parcelas são descontadas direto do salário ou aposentadoria. "Da nossa carteira de consignado, 61% são funcionários públicos", afirma Eduardo Jurcevic, superintendente-executivo de produtos de crédito pessoa física do Santander. No Banco do Brasil, a participação chega a 87%.
Pelo Serasa Consig, ferramenta gratuita da Serasa, órgãos públicos podem monitorar os limites de crédito em folha (por lei, de 35%), e servidores acompanham parcelas, simulam empréstimos e comparam taxas de bancos. Com informações do jornal Folha de São Paulo