O ex-presidente Lula resiste a pedir sua transferência para o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais (PR), que abriga outros presos da Lava Jato. Segundo fontes ligadas ao PT, Lula não avalia como inadequado, mas porque, ao fazer qualquer solicitação, estaria admitindo a condenação imposta pelo juz Sérgio Moro. Amigos aconselharam Lula a pedir transferência para Pinhais, conviveria com outros presos, o que seria bom para ele. Mudança também sugerida pelo ex-ministro José Dirceu, que já cumpriu pena no CMP.
Outro gesto político é a recusa a receber alimentos de fora da prisão, uma oferta dos familiares e dos advogados. O petista, preso na PF de Curitiba desde 7 de abril, segue a mesma dieta dos outros presos da carceragem.
O ex-presidente ocupa um quarto adaptado como cela, no prédio da Polícia Federal, em Curitiba. Amigos e policiais dizem que ele anda com o humor afetando. Acostumado a debater política e discursar para multidões, o petista está limitado a conversar com os poucos amigos e familiares que fazem visitas semanais, além dos advogados.
O quarto onde o petista vive não fica com a porta trancada. Mesmo assim, Lula só sai de lá para as duas horas de banho de sol, numa varanda do prédio. Os agentes entram sempre para levar a ele água gelada ou ouvir as histórias do ex-presidente.
Com tempo sobrando, Lula dedica boa parte do dia a escrever cartas. Coloca no papel sua avaliação sobre o país e recado a familiares. Entrega a papelada para os advogados, que depois distribuem para os destinatários.