Duas décadas depois de lançado, o Viagra, a pequena pílula azul em forma de losango, já foi prescrita 65 milhões de vezes. O medicamento aprovado pelas autoridades americanas em 27 de março de 1998, tornando-se o primeiro comprimido a ajudar os homens a ter uma ereção. O mercado é grande e crescente. No Brasil há entre 20 e 25 milhões de homens com algum grau de disfunção erétil, mas apenas 1,4 milhão faz algum tipo de tratamento. As vendas de todas as marcas somam mais de 1 milhão de comprimidos por mês.
O Viagra, ou citrato de sildenafil, foi desenvolvido para tratar hipertensão e angina pectoris. Mas a partir dos primeiros testes clínicos, os homens descobriram rapidamente um efeito inesperado: a melhora de suas ereções. De U$S 15 por unidade no início, o preço subiu para mais de U$S 50 dólares. Com o lançamento no ano passado de uma versão genérica, o preço caiu para apenas U$S 1, pouco mais de R$3.
Mas esta revolução sexual ignorou as mulheres que sofrem de disfunção e perda de libido. Estas ainda estão à espera de uma cura milagrosa que também lhes permita retornar a uma vida sexual gratificante, apontam os especialistas.
Antes do Viagra, as conversas sobre disfunção erétil eram "embaraçosas" e "difíceis", lembra Elizabeth Kavaler, uma urologista do Hospital Lenox Hill, em Nova York. "Hoje, a sexualidade de um modo geral é um assunto muito presente", explica. "Tornou-se um elemento previsível em nossas vidas à medida que envelhecemos, e tenho certeza que o Viagra desempenhou um grande papel", acrescenta.
Para Louis Kavoussi, diretor do Departamento de Urologia do grupo Northwell Health, o Viagra teve um impacto semelhante ao dos antibióticos no tratamento de infecções ou das estatinas na luta contra doenças cardíacas. "Foi a droga perfeita para anunciar aos consumidores - era uma espécie de remédio para o estilo de vida", diz ele.