A casa é o local onde acontecem a maioria dos assassinatos de mulheres. Pesquisa do Ministério Público de São Paulo mostra que 2 em cada 3 feminicídios no estado foram cometidos na moradia da vítima. Em 58% dos casos foram usadas armas brancas, como facas, para feri-las ou matá-las. Dos registros, em 75% a vítima tinha laço afetivo com o agressor, com quem era casada ou namorava.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança mostraram que em 2016, dos 4.606 assassinatos de mulheres no País, 621 foram registrados na polícia como feminicídio. Dez Estados não forneceram dados específicos sobre esse tipo de crime.
Estudo da Universidade Federal do Ceará com 10 mil famílias vítimas de violência no Nordeste mostra que mais de 30% das mães vítimas de feminicídio deixam ao menos 3 filhos.
A pesquisa do MP Paulista analisou estatísticas de 121 cidades paulistas de março de 2016 a março do ano passado. O Núcleo de Gênero do MPE analisou 356 denúncias apresentadas à Justiça e divulgou o estudo nesta quinta-feira, 1º.
A Lei do Feminicídio prevê penas mais altas para condenados por assassinatos decorrentes de violência doméstica ou por discriminação e menosprezo à mulher. Legislação completa 3 anos e classifica esses homicídios como hediondos, dificultando, por exemplo, a progressão da pena do condenado, além de elevar em até um terço a pena final do réu.
Mas muitos dos crimes passíveis de enquadramento como feminicídio ainda não são registrados assim, dizem especialistas. De acordo com a promotora Valéria Scarance, coordenadora do núcleo, um dos méritos do estudo é tentar desmistificar informações, como as que indicam que a maioria dos casos é praticada aos fins de semana. O estudo mostra que 68% dos crimes aconteceram durante a semana e 39%, durante o dia.
em quase metade dos registros (45%) o que motivou o ataque foi a separação ou o pedido de separação do casal. A pesquisa também chamou a atenção para o dano desse tipo de crime na família da vítima. Para cada 4 feminicídios, 1 deles atinge outra pessoa além da mulher . As chamadas vítimas secundárias que presenciam o crime ou até mesmo são agredidos ao lado da mulher no momento do ataque.