O apresentador Luciano Huck manteve a decisão de não se candidatar à Presidência da República na eleição deste ano. Huck optou pela carreira na televisão em vez de se aventurar em uma disputa presidencial. “Não serei candidato, mas não quero falar mais sobre o assunto agora. Preciso digerir a decisão”, afirmou.
O apresentador chegou a anunciar que não seria candidato em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em novembro, mas voltou a se movimentar em janeiro, se reunindo com líderes políticos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e representantes do setor econômico.
Huck passou a circular novamente após o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) confirmar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que tende a impedir sua candidatura a mais um mandato.
O apresentador, com o discurso da renovação na política, já começava a ser tratado como uma alternativa na disputa presidencial por líderes partidários e legendas que veem a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) com reticências. A principal desconfiança é em relação ao potencial eleitoral do governador paulista, que ainda não atingiu dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto.
A acolhida de FHC ao apresentador causava constrangimento no entorno de Alckmin, mas o governador costumava elogiar publicamente Huck. Segundo pessoas próximas a Alckmin, ele considera que o apresentador e seu movimento, o RenovaBR, deixaram um “legado” para a eleição de 2018. O governador de São Paulo vai tentar se aproximar do grupo.
‘Decisão solitária’. “A decisão de entrar para a política é difícil e solitária. No Brasil, ela só é uma decisão fácil pra quem já tem família na política. Para alguém como ele, sem nenhum clã político, é uma decisão muito difícil”, disse o deputado Roberto Freire, presidente do PPS, partido que negociava a filiação do apresentador.
Além da questão profissional, que envolvia não apenas o próprio contrato com a Globo – Huck é dono de um dos maiores salários da televisão brasileira e sua saída da emissora levaria provavelmente também à suspensão do programa de sua mulher, Angélica –, ainda pesou a exposição que uma candidatura ao Planalto provocaria.
Familiares não endossaram o projeto político do apresentador, mas era um desejo que ele alimentava. Com quem conversou na quinta-feira (15/2), Huck se mostrou abatido com a decisão. Entre profissionais que discutiam a hipótese de candidatura do apresentador, a avaliação é de que o projeto era viável eleitoralmente, mas exigia uma preparação prévia para enfrentar a arena política, o que não ocorreu.