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Jolivaldo Freitas


Memorial do Dia Universal do Desabafo



Quando digo que o Brasil está cada vez mais esquizofrênico recebo paulada do povo da direita e da esquerda, cada um querendo me situar do outro lado da linha Maginot, para ver se cola como uma tatuagem, o que acho engraçado. Mas, são tantas as atribulações que o Brasil está vivendo desde Lula, passando por Dilma, Temer e agora com Bolsonaro que decidi – depois de pesquisar e ver que não existe – criar o “Dia Universal do Desabafo”, tomando como base o dia 1º junho, dia do São Justino mais que justo, este filósofo influenciado pelo estoicismo e admirador de Pitágoras, Aristóteles e Platão.


 Algumas coisas da política, da família, dos amigos, da sociedade ou do nada têm servido para deixar o peito dos brasileiros como uma panela de pressão, prestes a explodir e é preciso desinflar, gritar, deixar sair. Posso destrinchar algumas dessas querelas que estão pressionando e asfixiando mais que bandidos em penitenciária de Manaus (e se a moda pega vai é morrer gente esguelhada nas penitenciárias e detenções pelo Brasil afora) e tenho certeza que o senhor e a senhora terão mais motivo para desabafar no dia 1 de junho. Desabafe pelo Facebook, pelo Instagram, pelo WhatsApp, pela janela, varanda, jardim, dentro do elevador, no consultório, na igreja, no templo, na casa de Noca, onde quiser e puder.


Veja por exemplo um motivo para desabafo. Sabemos que é preciso que o Executivo, Legislativo e Judiciário convivam em harmonia, de forma a agradar a relatividade do jogo democrático.  Mas, Bolsonaro, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Dias Toffoli foram mais longe e embolaram tudo em recente almoço. Decidiram fazer um pacto visando a retomada do crescimento econômico, melhorias para a sociedade e tudo mais. Então desabafo: onde pelo amor de Deus o Judiciário pode se aventar a ser gestor da economia ou política de um país. Isso cabe somente ao Executivo e Legislativo. Toffoli ficou doido. Tão maluco que ainda foi o responsável pelo texto genérico e inconsistente com as sugestões.


 Ele extrapolou e talvez não saiba eu o Judiciário não é meio político. É justiça. Tem de lembrar? Como ele pode se envolver em negociação política? Não pode. Não deve. Não é de direito. Pronto, desabafei. Mas aí vem o Papa Francisco que recebeu uma carta de Lula e com sua consciência cristã diz que – em missiva enviada de volta como resposta – que o preso de Curitiba desde abril do ano passado, receba sua "proximidade espiritual" e pede ao ex-presidente que não desanime, nem deixe de confiar em Deus.


Francisco diz a Lula que a responsabilidade política constitui um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir ao seu país. Não disse nada que não se saiba. Francisco manifesta seu pesar pelas "duras provas" que Lula viveu recentemente, numa referência às perdas familiares do ex-presidente, especialmente a de seu neto Arthur, de 7 anos. Justo. Ele diz ainda que uma das lições importantes que o período de Páscoa ensina é que "podemos passar da escuridão para a Luz; do pecado que separa Deus para a amizade que nos une a Ele; o bem vencerá o mal; e a verdade vencerá a mentira". O que o papa quis dizer? Está dando apoio aos malfeitos ou criticando com metáforas? Na Bahia se diz que é um papo furado. Claro que os petistas, com isso, estão garantindo que Lula é unha e carne, até almas gêmeas, com o papa Francisco. Os da direita dizem que o padre chamou na chincha.


Mas vamos usar o dia 1º de junho, Dia Universal do Desabafo, que acabo de constituir, para desabafar sobre tudo: família, economia, política, coração, relação, frustração, regime, valores, pressões, trabalho, corno, estudo, desemprego, unha encravada, brochada, doer de dente e até paixões não realizadas e relações mal resolvidas.


MANIFESTO DO DIA UNIVERSAL DO DESABAFO


O Dia Universal do Desabafo fica institucionalizado nesta data, como aquele em que todas as pessoas do mundo inteiro terão direito a desabafar, tirar o peso do peito, aliviar a alma e zerar suas angústias. Ocorrerá todo dia 1º de junho, período em que o ano se divide, para aliviar e apagar o que passou. Garantindo que os meses a seguir serão mais leves para carregar.


Artigo único


Todos têm direito a desabafar e ser compreendido.


Jolivaldo Freitas jolivaldo.freitas@yahoo.com.br é jornalista e escritor


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor


 
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